Talvez você também já tenha tido a sensação que todas as outras pessoas vivem em condições perfeitas e você não. Talvez  também já tenha questionado se você é “suficiente“.

Magra o suficiente, inteligente o suficiente, forte o suficiente, tenha dinheiro suficiente, enfim…

Por muito tempo eu convivi com esse fantasma na minha cabeça (hoje ele ainda existe, mas já não assusta tanto). Sempre idealizei vários projetos, mas nunca os colocava em prática. O medo era o meu principal inimigo, de forma mais especifica, o medo de não ser bom o suficiente.

Apesar de ter dois diplomas de graduação, dois diplomas de pós graduação, participado de dezenas de cursos e dedicar diariamente várias horas para estudo. Eu sentia medo, me sentia pequeno e inseguro.

Hoje, com um pouco mais de reflexão e amadurecimento acerca desse assunto, percebo que dificilmente eu conseguiria me blindar em relação a essa insegurança. Ora! Hoje olhamos mais para as telas dos nossos smartphones e computadores do que para as nossas janelas e varandas. 

A Falsa Perfeição

Com a internet cada vez mais visual, os usuários estão dispostos a exibir cada vez mais a sua “realidade” e pasme, ela possui cada vez menos imperfeições. 

Essa realidade paralela fomentada principalmente pelas redes sociais é construída, de forma geral, utilizando truques de câmera, iluminação, maquiagem, photoshop, cirurgias plásticas, esteroides anabolizantes, entre outras várias estratégias, vale até utilizar bens alheios para inflar o ego com visualizações e curtidas.

Falsa Perfeição no instagram
Imagem por Chompoo Baritone – Fonte: https://goo.gl/CbBmdr

Ninguém está disposto a mostrar o jantar feito com macarrão instantâneo e salsicha, o que precisou ser feito para aquele conseguir fazer aquele passeio em um lugar paradisíaco, os procedimentos estéticos por trás do “corpo perfeito”, ou a cara lavada de quando acaba de acordar pela manhã. 

O Culto à Exceção 

Somos basicamente pessoas comuns na grande parte do nosso tempo e ser comum não atrai olhares. Por conta disso, recebemos uma tonelada de excepcionalidades o tempo todo, de todos os lugares e direcionamos nosso foco para elas. Como resultado, isso nos trás insegurança e sentimento de insuficiência, dá a entender que todo mundo tá fazendo algo extraordinário, menos você.

Dessa forma, isso acaba criando principalmente dois caminho, a meu ver. Ou você começa a começa a moldar a sua “realidade” para também se mostrar como alguém excepcional na maior parte do tempo ou você sente uma profunda frustração por não estar sendo excepcional.  

Por outro lado, um terceiro caminho também pode surgir, quando você percebe que apesar de ter várias curtidas e visualizações em sua rede social, em breve isso não representará nada.

O que realmente ficará em alguns anos é quem você é em essência e como impactou a vida de outras pessoas. Este sim, normalmente traz paz e plenitude. 

A mesma internet que nos conectou e possibilitou vários avanços nos últimos anos, está causando efeitos colaterais que não eram esperados. Resolvemos e aprimoramos questões tecnológicas e ganhamos cada vez mais problemas psicológicos por exaltar uma cultura de exceção. 

Sobre o Autor

Epaminondas Sá
Epaminondas Sá

Professor especialista em Fisiologia do Exercício Aplicado à Saude e Performance, Personal Trainer e apaixonado por comportamento humano. Acredita que a chave para qualquer mudança duradoura na vida se inicia com a mudança do modelo mental e hábitos.

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