Eu nunca me identifiquei muito com o formato de trabalho e vida tipicamente brasileiro. Vejo como se fosse uma incansável corrida atrás do próprio rabo, sem o mínimo sentido.

A maioria das pessoas tem uma jornada de trabalho de oito a doze horas diárias durante cerca de quarenta anos. Sonhando em chegar o grande dia de se aposentar e finalmente aproveitar a vida. Percebo esse “acordo cultural” como algo autodestrutivo e insalubre.

O tempo é o ativo mais importante do mundo. Tão importante que é por meio do tempo que se mede o tamanho da vida. E é exatamente durante a juventude, o período mais ativo da jornada do ser humano que normalmente se fica atolado de trabalho.

Não é difícil perceber que grande parte das pessoas passa 2/3 da vida trabalhando para comprar coisas que não precisa, com o dinheiro que não tem, para impressionar quem não conhece e, com isso, inflar o próprio ego. Robert Kiyosaki define isso como ” a corrida dos ratos”.

A corrida dos ratos

Certa vez, lendo o livro “Trabalhe 4 horas por semana” me deparei com uma fábula que exemplifica muito bem esse pensamento. Por conta disso, faço questão de compartilhar com você e peço que reflita profundamente.

O Executivo e o Pescador

Um executivo americano tirou férias e foi para uma pequena vila de pescadores no litoral do México, por ordens médicas. Sem conseguir voltar a dormir por causa de uma ligação urgente de seu escritório, na primeira manhã, ele saiu para dar uma volta no píer para esfriar a cabeça.

Um pequeno barco com um único pescador atracava. Dentro do barco havia vários atuns robustos. O americano cumprimentou o mexicano pela qualidade dos peixes e perguntou:

– Quanto tempo levou para pescá-los?
– Apenas um pouquinho. – repondeu o mexicano com um inglês surpreendentemente bom.
– Por que você não ficou mais tempo para pescar ainda mais peixes? – o americano tornou a perguntar.
– Eu tenho o bastante para sustentar minha familia e dar um pouco para meus amigos. – disse o mexicano, enquanto tirava os peixes do barco e os colocava em um cesto.
– Mas… o que você faz com o resto do seu tempo?
O mexicano olhou para ele e sorriu. – Eu acordo tarde, pesco um pouco, brinco com meus filhos, tiro uma sesta com minha esposa Julia, e dou uma volta na vila a noitinha, para beber vinho e tocar violão com meus amigos. Tenho uma vida completa e bastante cheia, señor.

O americano deu uma gargalhada e se empertigou. – Senhor, eu tenho MBA em Harvard e posso ajudá-lo. Você deveria passar mais tempo pescando e com os lucros maiores, comprar um barco maior. Em pouco tempo, você poderia comprar vários barcos com o aumento em seus rendimentos. Finalmente poderá ter uma frota de barcos de pesca.

Ele proseguiu: – Em vez de vender sua pesca para um intermediário, poderia vender diretamente para os consumidores, finalmente abrindo sua propria fábrica de enlatados. Você controlaria a produção, o processamento e a distribuição. Teria que sair deste pequeno vilarejo de pescadores, é claro, e mudar-se para a Cidade do México, depois para Los Angeles e finalmente para Nova York, de onde poderia gerir seu império em expansão com a administração adequada.

O pescador mexicano perguntou: – Mas, señor, quanto tempo isso vai levar?
Rapidamente o executivo respondeu: – Quinze a 20 anos. 25 no máximo!
– Mas, e aí señor?
O americano riu e respondeu: – Essa é a melhor parte. Quando for a hora certa, você poderá vender ações da sua empresa na bolsa e tornar-se muito rico. Você poderia ganhar milhões.
– Milhões señor? Mas e aí?
– Aí você poderia se aposentar, mudar-se para um pequeno vilarejo na praia, onde poderá acordar tarde, pescar um pouco, brincar com seus filhos, tirar a sesta com sua esposa a passear na vila à noitinha pra beber vinho e tocar violão com seus amigos….

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Sobre o Autor

Epaminondas Sá
Epaminondas Sá

Professor especialista em Fisiologia do Exercício Aplicado à Saude e Performance, Personal Trainer e apaixonado por comportamento humano. Acredita que a chave para qualquer mudança duradoura na vida se inicia com a mudança do modelo mental e hábitos.

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